Quando pensamos em inclusão, muitas vezes imaginamos documentos, leis, adaptações… tudo muito importante, claro. Mas às vezes esquecemos de olhar para onde tudo começa: o brincar.
É no brincar que a criança se comunica, experimenta o mundo, se expressa, aprende a dividir, esperar, ganhar, perder, combinar. É ali que ela testa seus limites e entende os do outro. E é exatamente por isso que brincar é, também, um ato profundo de inclusão.
Mas e quando uma criança brinca “diferente”?
Você já viu alguma criança que prefere brincar sozinha? Que se encanta por detalhes que ninguém percebe? Que precisa repetir os movimentos, que não gosta de muito barulho, que se desorganiza quando as regras mudam?
Isso não significa que ela não queira brincar. Significa que talvez ela precise de um tipo de convite diferente.
Brincar de forma inclusiva não é forçar a criança a fazer igual às outras. É criar um espaço onde todas possam ser como são, e mesmo assim estejam juntas.
Por que o brincar é tão poderoso na inclusão?
Porque ele:
🎈 Não exige fala formal — mesmo quem não se comunica verbalmente pode brincar.
🎈 É um território neutro, onde os papéis sociais se dissolvem.
🎈 Permite repetição, variação, improviso e criatividade.
🎈 Cria vínculos emocionais genuínos — entre crianças, entre elas e os adultos.
🎈 Ajuda a desenvolver empatia, cooperação e escuta.
Brincar é linguagem. É acolhimento. É reconhecimento. E, acima de tudo, é conexão.
O que adultos e educadores podem fazer?
- Observar antes de intervir. Cada criança tem seu tempo para entrar na brincadeira.
- Oferecer brinquedos e propostas abertas. Um pano pode ser capa, cabana ou caminho. Um bloco pode ser torre ou navio.
- Incluir sem forçar. Convidar com afeto, sem pressionar. Às vezes, observar já é participar.
- Mediar quando necessário. Ajudar as crianças a se entenderem, nomear sentimentos, propor soluções.
- Celebrar a diversidade do brincar. Nem toda brincadeira precisa ser igual. A riqueza está nas diferenças.
E os pares? As outras crianças? Elas entendem?
Mais do que entendem — elas sentem.
Crianças têm uma sensibilidade natural para perceber quando algo é feito com verdade. Se ensinarmos desde cedo que cada um brinca de um jeito, que tem espaço para todo mundo no jogo, elas levam isso para a vida toda.
Aliás, muitas vezes são elas que mostram aos adultos como incluir. Basta a gente permitir.
No fundo, é simples:
Um mundo onde todas as crianças possam brincar juntas é um mundo mais justo.
Porque onde tem riso, tem encontro.
Onde tem jogo, tem empatia.
E onde tem criança sendo aceita como é — tem inclusão de verdade.
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