Falar sobre autismo é falar sobre humanidade, empatia, respeito e, principalmente, sobre desconstruir velhos paradigmas. O autismo não é uma doença, não tem cura — porque não precisa ter — e não tem uma única cara. Ele se manifesta de formas diversas, com infinitas maneiras de existir. Cada pessoa autista é única, com seu próprio jeito de se comunicar, interagir e perceber o mundo.
Se você acha que isso não tem nada a ver com você, é importante refletir: inclusão não é sobre o outro, é uma responsabilidade de todos nós, enquanto sociedade.
O que é o autismo?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento, que impacta principalmente na comunicação, na interação social e no comportamento. Isso não significa que uma pessoa autista não se comunique ou não se relacione, mas sim que ela faz isso de uma maneira diferente. E diferente não significa menos. Nunca significou.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 100 crianças no mundo está dentro do espectro. No Brasil, estima-se que existam mais de 2 milhões de pessoas autistas — número que pode ser ainda maior, já que muitos casos seguem sem diagnóstico.
Sinais que merecem atenção
Cada pessoa é única, mas alguns sinais podem indicar a necessidade de investigação:
- Dificuldades na comunicação verbal e/ou não verbal.
- Preferência por brincar sozinho ou dificuldade em interações sociais.
- Interesses restritos e comportamentos repetitivos, como alinhar objetos ou movimentos com as mãos.
- Sensibilidade sensorial — sons, luzes, cheiros e texturas podem gerar desconforto extremo.
- Atraso no desenvolvimento da fala ou da linguagem.
É essencial reforçar que não existe criança “meio autista” ou “leve demais para ser”. O espectro é amplo e diverso, e cada pessoa dentro dele carrega suas próprias potências e desafios.
O peso do capacitismo
Frases como “Nem parece autista” ou os olhares de julgamento durante uma crise sensorial em locais públicos são expressões claras de capacitismo — a discriminação contra pessoas com deficiência.
É importante lembrar que, por lei (Lei 12.764/2012), o autismo é considerado uma deficiência. E isso não serve para rotular, mas sim para garantir acesso a direitos, terapias, educação, trabalho e inclusão social.
Como ser um aliado na prática?
- Escute as famílias e, principalmente, as próprias pessoas autistas. Nada sobre nós, sem nós.
- Evite julgamentos. Nem tudo que parece birra é. Muitas vezes, é uma crise sensorial.
- Informe-se. Busque conhecimento, pergunte com respeito, leia fontes confiáveis.
- Acolha, adapte e inclua. Seja no ambiente escolar, no trabalho, na vizinhança ou na convivência diária.
- Eduque as crianças sobre diversidade. O preconceito nasce da ignorância, e a informação é uma poderosa ferramenta de transformação.
Por que isso importa?
Porque quando a sociedade não acolhe, ela adoece. Uma pesquisa realizada pela USP em 2022 revelou que 70% das mães de crianças autistas apresentam sintomas de ansiedade e depressão. Isso não acontece por causa do autismo, mas pela falta de suporte, pela sobrecarga e pelo preconceito que enfrentam diariamente.
Quando a escola não entende, quando o espaço público não é acessível, quando o olhar do outro é carregado de julgamento, toda a sociedade perde. Perde a oportunidade de ser mais justa, mais diversa e mais rica em humanidade.
Precisamos falar sobre isso
Autismo não é tragédia. Tragédia é a falta de empatia.
Autismo não limita. O que limita são as barreiras que a sociedade impõe.
O autismo não precisa de cura. Precisa de respeito, acolhimento e inclusão.
E agora, um convite
Se esse texto fez sentido para você, compartilhe. Leve essa reflexão para sua família, para o grupo da escola, para o seu trabalho, para seus círculos de convivência.
A mudança começa quando a gente escolhe enxergar o outro — de verdade. Inclusão não é favor. É direito. E é sobre construir uma sociedade onde todas as formas de existir sejam bem-vindas.
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