A maternidade já é, por si só, uma grande transformação. Mas a maternidade atípica carrega um peso que muita gente não vê — e, pior, não quer ver.
Quando chega um diagnóstico de autismo, deficiência, TDAH ou qualquer outra condição, junto vem uma avalanche de sentimentos. Medo, insegurança, angústia, cansaço… e, sim, um luto que ninguém fala, mas que é real e legítimo.
Esse luto não é pelo filho, nem pelo amor, muito menos pela criança que chegou. É pela ideia, pela expectativa, pelo roteiro que a gente imaginou lá atrás, sem nem perceber. E ele precisa ser vivido. Precisa ser acolhido. Porque só depois desse processo é que a gente começa, de fato, a enxergar o filho real, do jeitinho que ele é, com toda sua potência, com toda sua singularidade.
Mas sabe qual é o problema? É que a sociedade não quer saber desse luto. Ela quer que a mãe atípica seja forte, resiliente, guerreira. Ela não quer ouvir sobre o cansaço, a sobrecarga, a exaustão mental. E é aí que mora o perigo.
De acordo com uma pesquisa da USP de 2022, mais de 70% das mães de crianças autistas apresentam sinais de ansiedade e depressão. E não é difícil entender o porquê. São mulheres que vivem em alerta 24 horas por dia, que acumulam as funções da casa, do trabalho, dos estímulos, das terapias, da luta por direitos e… esquecem de si.
E eu te pergunto: quem cuida dessa mãe? Quem segura essa mulher quando ela desaba? Porque sim, ela também cansa. Ela também precisa de colo, de rede, de apoio, de espaço pra ser só… ela.
A romantização da maternidade, especialmente da maternidade atípica, adoece. E chega de tratar esse adoecimento como fraqueza. Cuidar da saúde mental das mães não é luxo, não é mimo. É necessidade. É urgência.
Por isso, se você é uma mãe que tá lendo isso, eu te digo: você não precisa dar conta de tudo. Você não precisa ser forte o tempo todo. Seu cansaço é real, sua dor é legítima. E pedir ajuda não te faz menos mãe. Te faz humana.
Se você conhece uma mãe atípica, ofereça apoio. Pergunte como ela tá. Escute sem julgar. E, mais do que isso, ajude de forma prática. Porque inclusão também começa cuidando de quem cuida.
Compartilha esse texto. Leva essa reflexão pra frente. A gente precisa, cada vez mais, construir redes que acolhem, que fortalecem e que lembram: nenhuma mãe deveria precisar carregar o mundo sozinha.
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